Vacina meningocócica: entenda qual é a sua importância
A vacina meningocócica é responsável pela imunização contra a Meningite e possui uma alta taxa de procura nos laboratórios. Isto se justifica devido a gravidade da doença, que pode provoca lesões mentais, motoras e auditivas.
Para entender melhor qual a importância da vacina meningocócica, é essencial compreender a doença, Meningite.
A Meningite é causada pela bactéria Neisseria Meningitidis, também conhecida como Meningococo, que provoca uma infecção nas Meninges, as membranas que envolvem a medula espinhal e cerebral.
A bactéria possui 12 sorogrupos diferentes. Atualmente, 5 destes sorogrupos (A, B, C, Y e W) são responsáveis por quase todos os casos de Meningite no Brasil.
O Meningococo é transmitido por meio de secreções respiratórias (tosse, espirro) e da saliva, durante contato próximo ou demorado com o portador, especialmente entre pessoas que vivem na mesma casa.
A doença alcança o estágio de gravidade quando atinge a corrente sanguínea, provocando uma infecção generalizada, a Meningococcemia.
Geralmente, a Meningite atinge pessoas de todas as idades, especialmente idosos e crianças, principalmente as menores de dois anos, pois o sistema imunológico ainda não possui completa resistência.
Qual a incidência da Meningite no Brasil?
No Brasil, os casos mais frequentes da doença ocorrem entre crianças com idades até 5 anos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2016, foram notificados 1.083 casos de doença meningocócica no país, sendo que as regiões Sudeste (640 casos) e Sul (185 casos) apresentaram os maiores números de notificações.
E apesar de registrada uma queda na taxa de mortalidade do ano de 2016 para cá, a doença ainda é letal, fazendo uma vítima a cada cinco pessoas infectadas.
O risco de morte pela doença é de 10% a 20%, podendo chegar a 70%, se ocorrer a Meningococcemia, infecção generalizada.
Conheça os principais tipos de Meningites
A Meningite Bacteriana é o tipo mais grave e geralmente, ocorre quando a bactéria entra na corrente sanguínea e migra até o cérebro.
Pode acontecer também da enfermidade ser desencadeada após uma infecção no ouvido, fratura ou, mais raramente, após alguma cirurgia.
As outras causas fazem parte do grupo de Meningites Assépticas, quando a doença não é causada por bactérias, que inclui causas como:
- vírus;
A Meningite Viral é a causa mais comum de Meningite Asséptica, além de ser a menos perigosa, pois a pessoa infectada melhora sem a necessidade de um tratamento específico.
Os vírus responsáveis por este tipo da doença podem ser transmitidos via alimentos, água e objetos contaminados, sendo mais comuns entre o fim do verão e o começo do outono.
- fungos;
A Meningite Fúngica é bastante rara e sua principal causa são os fungos do tipo Cryptococcuse Coccidioides, que se propagam através do sangue para as Meninges.
Esta propagação pode acarretar um quadro crônico da doença, o que origina sérias complicações como, hidrocefalia e interrupção do fluxo sanguíneo.
- parasitas;
A Meningite Eosinofílica é um tipo raro da doença e se manifesta após o consumo da carne de animais contaminados com o parasita Angiostrongylus Cantonensis, que infesta o caracol, a lesma, o caranguejo ou o caramujo gigante africano.
O consumo de alimentos contaminados com a secreção liberada pelos caramujos também pode provocar a doença.
Ainda se tem registro de Meningites provocadas por lesões físicas (traumatismo craniano), infecções como otites, câncer e o uso de medicamentos.
Em casos raros, a doença pode ser resultado de causas não-infecciosas, como reações químicas, alergia a alguns medicamentos e também alguns tipos de câncer.
A maior preocupação é para as Meningites contagiosas ou transmissíveis que podem acarretar surtos, epidemias e que podem levar a um quadro crônico da doenças.
Principais sintomas da doença meningocócica
A evolução da Meningite acontece de forma muito rápida, com o surgimento abrupto de sintomas como:
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- febre alta e repentina;
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- intensa dor de cabeça;
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- rigidez do pescoço;
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- vômitos;
- em alguns casos, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental.
A disseminação do meningococo pelos vasos sanguíneos pode produzir manchas vermelhas na pele (petéquias, equimoses) e até necroses que podem levar à amputação do membro acometido.
Tratamentos para Meningite
O tratamento para Meningite depende do agente causador (vírus, bactéria, fungo ou parasita).
- Meningite Bacteriana: o tratamento deve ser imediato com o uso de antibióticos intravenosos, medicamentos de cortisona, de acordo com a bactéria causadora da doença a fim de reduzir o risco de futuras complicações.
- Meningite Viral: nestes casos, geralmente os únicos meios de terapia são repouso, ingestão de muito líquido, uso de medicamentos para aliviar dores e em casos específicos, o uso de antivirais.
- Meningite Fúngica: o tratamento é feito com o uso de fungicidas, que podem causar diversos efeitos colaterais, por isso só serão recomendados após a confirmação de qual o fungo responsável pela infecção.
- Meningite Eosinofílica: o tratamento é feito com a administração de remédios antiparasitários, analgésicos, para aliviar as dores de cabeça, e corticoides, para tratar a inflamação da meningite e para a redução da pressão cerebral.
Para os casos crônicos da doença, o tratamento recomendado é o mesmo da Meningite Fúngica, pois é o único tipo que apresenta este quadro.
Quando as causas da doença não estiverem claras, o médico especialista geralmente ministra medicamentos antivirais e antibióticos para o paciente. Isso porque os tipos de Meningites mais comuns, são as causadas por vírus e bactérias.
Para os casos de Meningites causadas por reações químicas, alergias a medicamentos e alguns tipos de câncer, o médico pode ministrar medicamentos de cortisona.
Conheça as vacinas meningocócicas
A vacinação ainda é a melhor forma de se prevenir contra a doença. Confira a seguir quais são as vacinas responsáveis por combatê-la e quais as especificações de cada uma delas.
Existem três vacinas responsáveis pela prevenção aos tipos de Meningites listados acima, são elas:
Vacina Meningocócica B
A vacina Meningocócica B, protege contra Meningites e Doenças Meningocócicas, infecções generalizadas, causadas pela bactéria Meningococo do Tipo B.
Quem deve se vacinar?
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- Adultos com até 50 anos, dependendo de risco epidemiológico;
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- Viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença.
- Pessoas de qualquer idade com doenças que aumentem o risco para a doença meningocócica.
Não devem receber a vacina: pessoas que tiveram anafilaxia após uso de algum componente da vacina ou após dose anterior.
Esquema Vacinal
De acordo com a SBIm e com a SBP, o esquema de vacinação brasileiro envolve a administração de quatro doses da vacina aos 3, 5 e 7 meses de vida e a quarta dose entre 12 e 15 meses.
Iniciando após 6 meses são duas doses e um reforço após um ano de idade. Entre 2 e 10 anos de idade, em crianças que não receberam a vacina, aplicam-se duas doses com intervalo de 2 meses entre elas.
Para os adolescentes que não foram vacinados na infância, a recomendação é de duas doses com intervalo de um mês entre elas. Esse esquema também serve para os adultos com até 50 anos, em situações que justifiquem a imunização.
Vacina Meningocócica C Conjugada
Esta vacina protege contra doenças causadas pelo Meningococo C, incluindo Meningite e Meningococcemia, infecção generalizada.
Quem deve se vacinar?
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- Crianças;
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- Adolescentes de 12 e 13 anos;
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- Adultos, dependendo da situação epidemiológica;
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- Pessoas de qualquer idade com doenças que aumentem o risco para a Doença Meningocócica;
- Viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença.
Não devem receber a vacina: pessoas que tiveram anafilaxia após uso de algum componente da vacina ou a dose anterior.
Esquema Vacinal
De acordo com a SBIm e com a SBP, o esquema de vacinação brasileiro envolve a administração de três doses da vacina aos 3 e 5 meses com reforço aos 12 meses, podendo ser aplicado entre 5 e 6 anos e aos 11 anos de idade.
Para adolescentes, a recomendação é de duas doses com intervalo de cinco anos, preferencialmente da vacina Meningocócica Conjugada Quadrivalente ACWY, pois fornece proteção para mais de três tipos de Meningococos, além do tipo C .
Nos adultos, a recomendação é de que sejam imunizados com dose única da vacina, mas somente devem se imunizar com esta vacina caso estejam em situações que justifiquem.
Vacina Meningocócica Conjugada Quadrivalente (ACWY)
A vacina Meningocócica Conjugada Quadrivalente, protege contra Meningites e Doenças Meningocócicas, infecções generalizadas, causadas pela bactéria Meningococo dos tipos A, C, W e Y.
Dentre os 3 tipos de vacinas disponíveis contra a Meningite, a mais recomendada é a vacina meningocócica conjugada ACWY, por proteger contra 4 sorotipos da doença e possuir eficácia de mais de 95% dos vacinados.
No Brasil, estão licenciados três tipos de vacina ACWY, são eles:
- vacina MenACWY-CRM (Menveo®/Menjugate®): licenciada para crianças a partir de 2 meses, adolescentes e adultos.
Esquemas primários na infância:
rotina: doses aos 3, 5 e 7 meses, com reforço entre 12 e 15 meses; se iniciada entre 7 e 23 meses: duas doses com intervalo mínimo de 2 meses. A segunda deve ser aplicada no segundo ano de vida; se iniciada a partir de 24 meses: dose única.
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- vacina MenACWY-TT (Nimenrix®): licenciada para crianças a partir de 6 semanas de idade, adolescentes e adultos, em dose única.
- vacina MenACWY-D (Menactra®): licenciada para crianças a partir de 9 meses, adolescentes e adultos até 55 anos de idade.
Quem deve se vacinar?
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- Crianças e adolescentes;
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- Adultos, dependendo da situação epidemiológica;
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- Pessoas de qualquer idade com doenças que aumentem o risco para a Doença Meningocócica;
- Viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença.
Não devem receber a vacina: pessoas que tiveram anafilaxia após o uso de algum componente da vacina ou após dose anterior.
Esquema Vacinal
De acordo com a SBIm e com a SBP, na impossibilidade de ser aplicada este tipo de vacina, deve-se utilizar a vacina Meningocócica C Conjugada. O esquema de vacinação brasileiro envolve a administração de três doses com início aos 3 meses de idade e reforços aos 12 meses, 5 e 11 anos.
Já os adolescentes que nunca receberam a vacina, recomenda-se duas doses, com intervalo de 5 anos. Para os adultos, o recomendado é dose única da vacina.
Onde tomar a vacina meningocócica?
As vacinas meningocócicas listadas acima, estão disponíveis na rede particular de laboratórios.
E também estão disponíveis nas mais de 36 mil salas de vacinação do país de acordo com as indicações do Calendário Nacional de Vacinação.
No Laboratório Padrão, são disponibilizadas todas as vacinas contra a Meningite, inclusive a vacina meningocócica. Podem ser vacinadas crianças a partir dos seis meses de vida, e adultos até 49 anos de idade e é preciso levar um documento de identificação e o cartão de vacina.